Quando abordamos este assunto haviam pontos que estavam bem definidas na minha cabeça:.
- Não tinha confiança para regressar a uma clínica que me queria uma "pipa" de dinheiro para uma intervenção que se verificou não ser necessária
- Destruir embriões NÃO. Nunca. Isso para mim não era sequer uma opção. Destruir aquilo que nós e tantos outros casais lutam para conseguir.
Havia então que analisar soluções. Não havia muitas efetivamente. Só a de os trazer para Portugal. Não tínhamos procurado informação concreta do preço, mas sabíamos que não ficava barato. E também sabíamos que a qualidade deles não era a melhor.
" Doamos" disse eu ao marido. Se não os vamos usar que pelo menos ajudem alguém a realizar um sonho.
Ao marido fez-lhe alguma confusão. Não deixou de pensar que um dia , algures, poderá haver um "filho nosso".
Disse-lhe que não tinha de pensar assim. Não iríamos saber o destino dos embriões. Podiam ser para investigação clínica ou sim, efetivamente, para alguém que necessitasse de recorrer á doação.
Ele não encarou de ânimo leve este assunto mas ficou assim decidido.
Assim podíamos avançar no Hospital Público.
Ao longo do meu percurso médicos que fui conhecendo me foram perguntando se alguma vez me arrependi. Não. Nunca me arrependi,
Depois de tudo o que passei é impensável para mim arrepender-me de ajudar alguém que também passa pelo mesmo.
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