No dia 4 de Maio para além da consulta de Infertilidade, tive também consulta de Psicologia.
No final, a Drª M diz-me que voltarei lá em Junho.
De seguida diz-me que na opinião dela deveria ter uma consulta de Psiquiatria. Como????Psiquiatra??A Infertilidade para além de tudo pôs-me maluca????
"..Não a sinto melhor...".Fiquei em silêncio. A Drª M "leu" os meus pensamentos e lá me explicou que a intenção não é dar-me medicação, que a Drª X até e contra a medicação e só a passa mesmo quando necessário.
Efetivamente, a palavra Psiquiatra assustou-me e pensei logo que não quero andar "dopada". A dor é muita, mas ela não vai desaparecer se me "entupir" de medicação.
A Drª M tem medo que desenvolva uma depressão reativa a todos os acontecimentos dos últimos anos.
Na minha humilde opinião, se me aconselhou a ir para Psiquiatria, é porque acha que já a "tenho"...
Ás vezes pergunto-me se não será esse o desfecho o normal.
Seria suposto "sair" de três anos e meio de Infertilidade sem nenhuma mazela?
Seria suposto ao fim de 6 Tratamentos com doses enormes de hormonas, 3 Resultados Negativos e 3 Abortos estar a mesma pessoa?
Tenho a certeza que não.
Não me considero uma super mulher mas também não me considero fraca.
Se há 4 nos atrás me dissessem que eu iria "passar" por tudo isto eu diria: Impossível. Desisto na primeira derrota.
Mas não desisti.
Lutei até onde pude.Olhando para atrás, nem sei como em certas alturas me mantive tão firme.
A Drª M diz que não me posso culpar pelo insucesso porque fiz tudo o que pude.
Eu sei que fiz. Mas mesmo assim, o insucesso não se torna "leve".
Tudo isto seria mais fácil se pudesse culpar alguém. Se pudesse despejar a minha raiva em alguém.
Mas não posso. Não tenho culpados para apontar.
A única culpada aqui sou eu. Sou eu que não engravido. Sou eu que não consigo levar uma gravidez até ao fim.
Tento diariamente não me ir abaixo. Tenho, sem dúvida, muitas coisas boas na minha vida. Mas não é por isso que a dor e a tristeza de ser Infértil se tornam menores.
Ouço muitas vezes as pessoas dizerem: " Tudo acontece por uma razão". Tive até quem me dissesse isso quando abortei. Mas que raio de razão é esta que me impede a mim de ser mãe?
Há dias que passam na normalidade. Há outros que sinto algo dentro de mim a "rasgar-me".
A dor é muita.
A tristeza é muita.
O sentimento de impotência é avassalador.
Perdi uma guerra contra um inimigo invisível. Não tem nome. Não tem rosto. Mas ganhou!